terça-feira, 14 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO: O papel dos meios na formação do aluno e do professor na educação de jovens e adultos

Principais ideias do artigo de Moacir Gadotti, discutidas num chat por um grupo de tutores do Projeto Multicurso Matemática.



Nesta discussão, os professores apontaram que o texto, que é parte de um livro que trata da relação da mídia com a escola principalmente na EJA, nos alerta sobre a utilização da mídia e a influência que ela causa e nos coloca a par da importância de usar a comunicação para o desenvolvimento de uma educação crítica.

Sobre o que a escola deve denunciar com relação às mídias, foi apontado que as mídias, principalmente a televisão, vêm sendo usadas de forma errada, tendo como papel principal manipular as mentes para uma realidade voltada a interesses políticos e consumistas, estabelecendo padrões de comportamento. É estabelecida uma cultura de massa, onde todos acabam pensando que o que a televisão diz é o melhor, o correto. Muitas vezes as pessoas são totalmente influenciadas sem perceber que estão sendo dominadas.

A respeito do que a escola pode anunciar com o uso das mesmas mídias, foi relatado que elas podem ser usadas a favor da educação, pois com o seu uso o aprendizado pode tornar-se mais fácil e significativo, sendo possível trabalhar a vivência do aluno, como uma forma de despertar o seu interesse. Assim, a utilização das mídias nas escolas, quando realizada de forma responsável, pode valorizar toda a estrutura da escola.

Outro aspecto positivo destacado foi a utilização e a produção de vídeos, pois ao levarmos os alunos a produzirem seus vídeos e observarem os resultados, eles podem perceber como a visão através da lente de uma câmera pode mudar completamente o foco, passando inclusive a entender melhor o poder desse meio de comunicação. Foram apresentadas várias experiências exitosas com a utilização de vídeos pelos professores, tanto por meio de filmagem (como a produção de um jornal) ou por meio da montagem de vídeos a partir de imagens (como vídeos que ilustram uma situação-problema).

Foi discutido ainda como este tema poderia ser abordado num curso de formação de educadores, sendo apontado que os professores precisam analisar criticamente o uso das mídias e aprender a utilizá-las na prática, pois a integração entre teoria e prática é fundamental e a formação continuada é o principal espaço para isso, já que muitos não tiveram esse tipo de formação na graduação.

Assim, concluímos que as mídias podem ter um relevante impacto social, aproximando mais a escola do aluno. Para que esse objetivo seja atingido, segundo Gadotti, a televisão, indispensável na formação de todo cidadão, deve ser acompanhada na educação por uma Pedagogia da Comunicação que a analise criticamente. O papel do professor é fundamental nesse processo, pois as mídias não o substituem. Cabe a ele utilizá-las de forma a promover a inclusão, a aprendizagem e o desenvolvimento da criticidade do aluno.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

MAS AFINAL, O QUE É INTELIGÊNCIA? (Isaac Asimov)

Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos. A média era 100. Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal. (Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police).

Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso. Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?

Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele. Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre consertava meu carro.

Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico. Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.

Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto, mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.

Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez. Ele adorava contar piadas. Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou: “Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”

Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.

“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir.”

Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou: “Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”

“E muitos caíram?” Perguntei esperançoso.

“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.

“Ah é? Por quê?”

“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”.

E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.


(Tradução livre do original “What is intelligence, anyway?”, disponível em http://talentdevelop.com/articles/WIIA.html).

Isaac Asimov (1920 - 1992) foi um escritor e bioquímico americano, famoso como explicador da ciência e autor de ficção científica. Sua obra de ficção se destaca por introduzir ao leitor leigo conhecimentos científicos e a ideia do método científico.

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO / PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Clique aqui para acessar o wiki construído por mim e pelos professores Marcelo Morello, Márcia Franco e Wânia Soares, sobre o texto "Os sete saberes necessários à educação do futuro", de Edgar Morin e sobre uma entrevista dada por Paulo Freire onde ele comenta sobre o seu livro "Pedagogia da autonomia".